Pular para o conteúdo

Nem metade de companhias de capital aberto no Brasil divulga relatório de sustentabilidade ou integrado

[ad_1]

Pin It

Nesta terça-feira (31) a auditoria Grant Thornton fará uma primeira rodada de conversas sobre ESG (ambientais, sociais e de governança corporativa) com membros do conselho de administração e comitês. Para entender em que nível de envolvimento com a agenda de sustentabilidade as empresas brasileiras estão, decidiu analisar o que as companhias – muitas das quais o público o evento tem envolvimento – divulgam em seus relatórios.

Das 328 empresas de capital aberto foco da análise – a maioria com mais de R$ 1 bilhão de faturamento anual – nem a metade (48%) delas divulga o relatório de sustentabilidade, com informações sobre evolução de suas estratégias e atividades ESG, ou o relatório integrado, que abrange informações financeiras e ESG. Os setores de energia (19% das empresas que disseram publicar um documento), transporte e logística (17%) e saneamento (10%) são os com maior adesão.

“O que é mais salta aos olhos é que 52% das empresas de capital aberto não possuem nem relatório de sustentabilidade e nem relato integrado”, pontua Adriana Moura, sócia líder de Governança, Riscos e Compliance (GRC) da Grant Thornton Brasil.

Há algumas explicações possíveis para mais da metade não ter receio ou de não ter condições de elencar todos os indicadores que precisa ou de mostrar números aquém do que seria esperado. Até mesmo isso, muitas vezes falta: identificar quais os números esperados, os benchmarks e referências que poderiam ajudar a empresa a ver qual seu nível de acordância e quanto precisa avançar.

O percentual pequeno de relatos integrados era esperado, já que este tipo de divulgação exige mais detalhes e que a estrutura de gestão da empresa seja remodelada, segundo Daniele Barreto e Silva, líder de Sustentabilidade da Grant Thornton Brasil. “A partir deste ano as empresas que fizerem relato integrado ainda serão obrigadas a auditar seus números, como manda a Resolução 14 da CVM [Comissão de Valores Mobiliários]”, lembra Barreto e Silva.

A pesquisa “Divulgação de informações ESG das Empresas de Capital Aberto – O que o mercado está reportando” mostra que só 8% das empresas contam com auditoria externa e independente nos relatórios.

Além disso, uma surpresa negativa é a quantidade – pequena – de empresas que têm e divulgam suas matrizes de materialidade, a base para qualquer estratégia ESG, uma vez que é ela que contém os principais indicadores que importam para a companhia e seu setor. Ou seja, os temas materiais para a empresa dizem respeito a quais “lutas” elas precisam priorizar e avançar. Segundo a pesquisa, só 31% do total de empresas analisadas divulgam temas materiais no relatório de sustentabilidade.

Quando analisados quais os documentos que contém as metas da companhia, o número é ainda menor: só 8% delas informam as metas relacionadas a esses temas.

“O percentual ficou abaixo de nossas expectativas, dada a relevância dos itens materiais para as empresas. Sem conhecimento da materialidade fica difícil ter estratégia de sustentabilidade Os itens de materialidade são aqueles que geram valor para a companhia”, comenta Adriana Moura. Ela acredita que o baixo número reflete que as empresas devem sentir dificuldade com a metodologia para divulgação de metas. “Muitas não divulgam porque não sabem se sua materialidade é a ideia ou se serão questionadas pelos números que vão apresentar, temem ficar aquém do esperado e serem criticadas”, completa.

Entre as metas que mais aparecem nos relatórios das empresas que as divulgam estão: equidade de gênero (22%), gestão de resíduos (19%), emissão de gases poluentes (19%) e uso eficiente da água (16%).

Algumas empresas – 12% – acabam publicando sua materialidade em outros relatórios, tais como o Relatório de Administração, Demonstrações Financeiras e Informes Trimestrais. E 1% divulgam as metas relacionadas aos temas materiais nesses documentos.

As metodologias mais usadas para reportar os dados são Global Reporting Iniciativa (GRI), International Integrated Reporting Council (IIRC) e Sustainability Accounting Standards Boards (SASB)

Pilares

No pilar ambiental, outra surpresa: menos de um terço (30%) das empresas avaliadas divulgam seus inventários de emissões de gases de efeito estufa. Esse mapeamento de suas emissões é o primeiro passo para conhecer suas emissões e desenvolver estratégias para pensar em projetos de descarbonização, redução de emissões e participação no mercado de carbono.

“Na Europa, isso já é praxe para as empresas no mercado interno. Para pleitear o mercado de carbono regulado, as companhias precisam saber suas emissões. Não é por acaso que os segmentos mais à frente são os mais regulados. O desconhecimento de seus inventários vai representar um desafio grande”, diz Moura.

Daniele Barreto e Silva lembra que há menos de duas semanas o governo brasileiro anunciou a intenção de regular logo o mercado regulado de carbono. O decreto publicado ainda precisa de detalhes, mas a intenção está colocada – até porque as metas que o país se comprometeu no Acordo de Paris e reforçou na COP 26 dependem desta regulamentação. “As empresas ainda estão engatinhando no entendimento das suas emissões de fato”, pontua a executiva.

Dentre os setores, energia, transporte e logística saem na frente como os que têm mais empresas que publicam os números de emissões, seguidos por comércio, construção civil e saneamento.

“A importância do relato é demonstrar que as informações estão interconectadas. Quando vamos nas questões ambientais, 79% dizem ter gestão de risco, mas só 40% das empresas reportam metas climáticas em seus fatores de risco. As companhias precisam dizer os parâmetros que estão sendo utilizados para avaliar e entender questões internamente; o inventário de emissões é uma dessas ferramentas”, pontua Barreto e Silva.

No pilar social, 64% das companhias afirmam ter práticas de promoção da diversidade, equidade e inclusão. Mas aqui é visível que há ainda muito a avançar. Apesar de dois terços afirmar que têm essa prática, só 38%, por exemplo, dão transparência para o número de colaboradores por gênero e só 11% abrem o número de colaboradores por cor, raça e etnia. O turnover é o dado que aparece com maior frequência nos relatórios de sustentabilidade e integrados, mas, mesmo assim, apenas 35% delas publicam essa informação.

“Muito gente divulga diversidade, mas não há clareza se entendem que diversidade vai além de gênero, é muito mais amplo e passa por equidade racial e inclusão de pessoas LGBTQIA+. As empresas ainda estão acanhadas a evoluir na agenda do que é um grupo de colaboradores diverso”, afirma Moura.

Já em governança, 84% das empresas divulgam seu Código de Conduta e Ética, 81% das empresas divulgam a existência de uma área de gerenciamento de riscos e de compliance. De todas, 83% publicam que têm canal de denúncia interno e terceiros e 79% que têm informações anticorrupção, programas de integridade e práticas para sanar desvios e/ou fraudes.

“Me surpreende que, mesmo em uma amostra de companhias abertas, muitas que estão no Novo Mercado da B3, não temos 100% delas divulgando sua política de gerenciamento de risco e o código de governança e ética. Também me chama a atenção o canal de denúncia; a simples existência do canal não pressupõe que trabalhadores sejam acolhidos caso façam denúncia. O canal precisa estar bem implementado, ser independente e dar retorno ao colaborado”, diz Moura.

Outra questão preocupante com relação a governança, na opinião da executiva, é ter 21% de companhias que não se comprometem com medidas anticorrupção. “Em países com muitos casos de má conduta e desvio de dinheiro como o Brasil, me parece baixo o número de 79% das companhias terem políticas anticorrupção, programa de integridade e fraude, para combater desvios de dinheiro. Ainda temos desafios pela frente”, afirma.

Para as especialistas da Grant Thorton, os riscos da empresa precisam ser comunicados de forma transparente e incorporados no planejamento estratégico. Para elas, é preciso apoio da governança e C-level para que a agenda seja viabilizada e avance.

A política de gerenciamento de riscos da companhia é compartilhada em 85% dos casos analisados. Quase dois terços das empresas descrevem em seus relatórios os fatores de risco socioambientais e climáticos de seus fornecedores.

Com relação a remuneração do conselho de administração, 74% das empresas divulgam política ou prática de remuneração do colegiado e dos demais executivos. Mas só 11% mostram que têm mecanismos de avaliação de desempenho e critérios para avaliação do conselho e 2% se valem de consultoria externa para avaliação de desempenho do órgão.

Fonte:

Por Naiara Bertão,
Prática ESG — São Paulo
Valor
31/05/2022

 

[ad_2]

Source link

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *